Estudar a relação entre duas das principais causas de mortes de mulheres no Brasil: a infecção pelo vírus HIV e a violência de gênero. Essa é a proposta do Projeto Conexões - Estratégias Integradas contra o HIV/Aids e a Violência de Gênero, da ONG Coletivo Feminino Plural, que chega a Porto Alegre nesta terça-feira (13), após passar por Canoas e Viamão. O encontro ocorre na Sala de Eventos do Lido Hotel (Rua Andrade Neves, 150), das 13h30min às 20h30min, e se estende ao dia 17 de outubro, das 8h30min às 17h. O projeto conta com apoio da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul e da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
Segundo a mais recente pesquisa do Departamento de Informática do SUS (Datasus), de 2013, a Aids é a principal causa de morte de mulheres em idade fértil (entre 10 e 49 anos) em Porto Alegre. Ao todo, foram 96 registros durante o ano em questão, valor quase três vezes maior do que o segundo colocado no ranking de causas de mortes entre a população feminina. Entre as cinco primeiras causas mortis estão, ainda, agressões e lesões autoprovocadas (suicídios), com 23 e 17 casos documentados, respectivamente.
De acordo com Indicadores do Observatório da Violência contra a Mulher, no primeiro semestre de 2015, o Rio Grande do Sul contabilizou 40 casos de femicídio consumado. Grande parte dos casos (79%) aconteceu dentro das casas das próprias mulheres, com idades especialmente entre 25 e 29 anos. Ao todo, de janeiro a junho, foram 173 casos de tentativa de femicídio, 274 casos de estupro, mais de 22 mil ameaças levadas à polícia e mais de 12 mil casos de lesão corporal. Em Porto Alegre, entre janeiro e junho de 2015, houve 34 casos de tentativa de femicídio e quatro casos consumados, 31 estupros, 1.877 lesão corporal e 2.381 casos notificados na Capital.
Paralelamente, o mais recente Boletim Epidemiológico Aids e DST do Ministério da Saúde, divulgado em 2014, confirmou, pelo oitavo ano consecutivo, o Rio Grande do Sul como o estado com os maiores índices de Aids no país. São 41,3 novos casos para cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro da taxa nacional (20,4). Porto Alegre é a capital com a maior taxa registrada em 2013, mais do que o dobro da taxa do estado e quase cinco vezes a taxa do Brasil (96,2 casos para 100 mil habitantes).
A capital gaúcha possui o maior coeficiente de mortalidade por doenças decorrentes de HIV, sendo quatro vezes maior que a média nacional. Conforme dados da Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em 2014 o coeficiente feminino de casos de Aids chegou a 60,9 para cada 100 mil habitantes. A coordenadora do Projeto Conexões, Neusa Heinzelmann, adverte que talvez os números sejam ainda maiores do que os oficiais. "No caso das violências contra a mulher, a falta de cruzamento entre as informações dos diferentes órgãos dificulta que tenhamos dados mais próximos a realidade. O programa Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), do Sistema Único de Saúde (SUS), que agrupa dados daquelas mulheres que procuram as unidades de saúde, aponta para números ainda maiores do que os da segurança pública", exemplifica.
A violência contra a mulher é um dos fatores de vulnerabilidade para a infecção do HIV/Aids. “A violência pode ser física, psicológica, sexual e outras. Um caso clássico é que muitas vezes as jovens e mulheres não conseguem negociar o uso do preservativo com seu parceiro e são contaminadas por DSTs, dentre elas o HIV", destaca Silvia Alóia, representante do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP) e assistente de coordenação do projeto.
Há evidência de que casa, família e conjugabilidade são prováveis lugares de violência. Neste sentido, diversos cruzamentos demonstram violência e a condição de vulnerabilidade e/ou suscetibilidade está ligada à infecção pelo HIV e para a necessidade de estratégias de proteção e fortalecimento dos grupos vulneráveis.
É a fim de sobressaltar a tranversalidade entre a violência de gênero e o crescente número de adolescentes e mulheres portadoras do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e da Aids que o projeto Conexões realiza reuniões com agentes de saúde, lideranças comunitárias e demais militantes sociais do município a fim de capacitá-los para lidar com esses casos. Os encontros preveem discussões baseadas em material de apoio proporcionado pelo projeto, dinâmicas de grupo e atividades complementares à distância.
Os interessados podem obter mais informações e realizar a inscrição através do email projetoconexoes.cfp@gmail.com. Só receberão certificado aqueles que tiverem o mínimo de 75% de presença.
Serviço
O quê: Projeto Conexões – Estratégias Integradas contra HIV/Aids e a Violência de Gênero
Quando: 13 de outubro, das 13h30min às 20h30min, e 17 de outubro, das 8h30min às 17h
Onde: Sala de Eventos do Lido Hotel (Rua Andrade Neves, 150)
Inscrições: projetoconexoes.cfp@gmail.com
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